A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer - RUTH MANUS

19 junho 2014


Oii pessoal, tudo bem?
Hoje eu quero fazer algo diferente, mostrar para vocês um texto que li recentemente em uma pagina que sigo no facebook da talentosa Ruth Manus. Não somos parceiras, não é troca de divulgação, é apenas um texto fantástico que li e resolvi trazer para vocês, mas quem quiser conferir outros é só curtir a pagina da autora e dar uma passadinha em seu blog, os links estão no fim do post, garanto que ninguém vai se arrepender!

Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos:
“Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá.
Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda.
Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar.
Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.”
Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta.
O fato é que eu venho pensando nisso. Na incrível dissonância entre a criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa da maioria dos meninos, jovens homens,  homens e velhos homens.
O que nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós?
Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da minha mãe brilhar como as provas com notas 10. Os dias em que me arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado. Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia meus pais acharam bacana. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos.
Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um lagarto. Não nos chamaram pra trocar fralda de um priminho. Não nos explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.
Mas nos ensinaram esportes. Nos fizeram aprender inglês. Aprender a dirigir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a investir nosso dinheiro.  Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.


Mas, escuta, alguém  lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?
Aí, a gente, com nossa camisa social que amassou no fim do dia, nossa bolsa pesada, celular apitando os 26 novos e-mails, amigas nos esperando para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã, se pergunta “que raio de cara vai me querer?”.
“Talvez se eu fosse mais delicada… Não falasse palavrão. Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar cuecas. Talvez…”
Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a lado, de igual pra igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione nossa rotina.
O fato é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a nos fazer querer pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é nossa forma de pedir colo? E que às vezes nós vamos precisar do seu colo e às vezes só vamos querer companhia pra um vinho? Que somos a geração da parceria e não da dependência?
E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. A culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família.
No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para frente. Nós já nos abrimos pra ganhar o mundo. Agora é o mundo tem que se virar pra ganhar a gente de volta.

 Fonte : Blog Ruth Manus

7 comentários:

  1. Adorei o texto. Fala realmente da evolução da mulher, que deixou de ser aquela coisinha criada para suprir as necessidades de um lar e atender ao marido, para se tornar um ser que caminha lado a lado com os homens, principalmente no quesito competência, mas que mesmo assim, precisa de uma companhia, e é importante dizer que é a companhia mesmo, e não que é dependente de uma companhia.
    Perfeito!!!

    Bjok

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  2. Nossa!!!! Amei Geeh!
    Realmente é muito dificil encontrar um homem que tenha sido criado para a mulher atual.... digo quase impossível! rsrsrsrrsrs
    Adorei o texto, realista e dinâmico, faz a gente pensar....

    bjo bjo^^

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  3. Oi!
    Amei o texto, tão bem elaborado e realista. Colocou em pauta a evolução das mulheres e a "dependência" dos homens em as mulheres serem as mesma de antes. Será que existem homens que querem uma companheira ao invés de uma submissa? Estou procurando! rsrs

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  4. Oi, Geeh
    Adorei o texto. A mulher evoluiu muito e alguns homens não entendem ou não querem entender isso.

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  5. Adorei o texto!! Retrata muito bem a realidade e dá o que pensar. Realmente é muito difícil um homem que tenha sido criado para a mulher atual.

    Beijos!!

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  6. Juro que meus olhos se encheram de água! Que texto lindo e totalmente real! Acabei de curtir a página dela! Eu sempre me pergunto isso: "Quem vai querer uma garota que fala palavrão, não tem medo nem vergonha de falar sobre sexo, que aguentaria beber uma garrafa com ele, que pode não ser louca por esportes, mas sabe apreciar cada um e ainda debater sobre eles, que tem sonhos enormes e se acha dona de si?" Esse texto falou sobre o que muitas das mulheres da nossa geração passa e nos dá a solução. Que tal sociedade, vocês caírem na real?
    Beijos!!

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  7. Ótimo texto =D
    Realmente... os tempos são outros. Acho engraçado quando se fala em pressente de mulher, a maioria associa a presente para A CASA. tem uma grande diferença né.
    Enfim... mas acho que alguns já se acostumaram e sabem respeitar e viver com mulheres atuais.

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