Resenha: Amaldiçoado - Joe Hill

04 março 2015

Editora: Arqueiro
Autor: Joe Hill
Titulo Original: Horns
ISBN: 9788580413595
Ano: 2015
Páginas: 320
Tradutor: Barbara Heliodora e Helen Potter Pessoa.

Sinopse:
Ignatius Perrish sempre foi um homem bom. Tinha uma família unida e privilegiada, um irmão que era seu grande companheiro, um amigo inseparável e, muito cedo, conheceu Merrin, o amor de sua vida. Até que uma tragédia põe fim a toda essa felicidade: Merrin é estuprada e morta e ele passa a ser o principal suspeito. Embora não haja evidências que o incriminem, também não há nada que prove sua inocência. Todos na cidade acreditam que ele é um monstro. Um ano depois, Ig acorda de uma bebedeira com uma dor de cabeça infernal e chifres crescendo em suas têmporas. Além disso, descobre algo assustador: ao vê-lo, as pessoas não reagem com espanto e horror, como seria de esperar. Em vez disso, entram numa espécie de transe e revelam seus pecados mais inconfessáveis. Um médico, o padre, seus pais e até sua querida avó, ninguém está imune a Ig. E todos estão contra ele. Porém, a mais dolorosa das confissões é a de seu irmão, que sempre soube quem era o assassino de Merrin, mas não podia contar a verdade. Até agora.
Sozinho, sem ter aonde ir ou a quem recorrer, Ig vai descobrir que, quando as pessoas que você ama lhe viram as costas e sua vida se torna um inferno, ser o diabo não é tão mau assim. Joe Hill, autor de A estrada da noite e Nosferatu, já foi aclamado como um dos principais novos nomes da ficção fantástica. Em Amaldiçoado, o sobrenatural é pano de fundo para uma história de amor e tragédia, de traição e vingança. Um livro envolvente, emocionante e cheio de suspense que nos leva a refletir: em matéria de maldade, quem é pior, o homem ou o diabo?

Resenha:
“Ele vai despertar o demônio  que há em você.”
Eu tenho um grave problema com esse autor, na verdade, eu detesto tudo que ele escreve, mas sempre que surge um novo lançamento eu acabo caindo novamente nessa cilada. Tudo começou lá em Estrada da noite, depois veio Nosferatu e agora esse, mas posso afirmar qual é a ordem que eles escreveu, essa é a ordem em que li. Não sei se o problema é o fato de eu ser extremamente teimosa ou é tudo culpa da editora Arqueiro, que faz essas capas lindas que acabam me seduzindo. Enfim, vamos falar sobre este livro.

Amaldiçoado não é o título original desta obra, ele foi publicado inicialmente com o nome de “O Pacto”, mas como a segunda edição aqui no Brasil segue o título e o pôster do filme, o nome acabou alterado igualmente.

Ao iniciar a leitura somos apresentados a Ignatius Perrish, também conhecido como Ig.
Ig vem de uma família rica e bem sucedida, seu pai é um musico famoso e seu irmão um apresentador de televisão de renome. Agora Ig também esta sob os holofotes, mas de forma nada divertida ou lisonjeira. Sua namorada foi estuprada e assassina, e o maior suspeito do crime é ele.

Tudo começou quando Ig vai encontrar Merrin em uma lanchonete na cidade. Quando o casal se encontra, uma briga feia ocorre na frente de todos no local, e depois de umas e outras, Ig acaba adormecendo bêbado em seu carro na beira da estrada. O que acontece depois com Merrin é um mistério, o que todos sabem é que ela foi encontrada em um matagal, estuprada e morta com uma pancada violenta na cabeça. Quem é o assassino? Isso ninguém sabe, mas todos deduzem ser Ig, considerando a terrível briga em publico que eles protagonizaram no mesmo dia.
Como a família Perrish é influente na cidade, Ig consegue escapar das acusações quando um incêndio no laboratório da policia destrói todas as provas do crime. Mas a vida do rapaz esta acabada, todos na cidade tem certeza de que ele é culpado. Com o tempo Ig se torna um párea, até mesmo a família o quer longe.

Certo dia, depois de uma bebedeira, ele acorda com uma dor de cabeça insuportável, e ao levar as mãos á cabeça descobre algo estranho em suas têmporas. Quando se olha no espelho, Ig fica completamente desesperado, da noite para o dia ele criou chifres. Como se isso por si só já não fosse bizarro o suficiente, ele percebe que ninguém percebe os chifres, e o pior de tudo é que eles parecem exercer controle sobre quem olha para Ig, todos tem o impulso incontrolável de falar o realmente sente e pensa, revelando os seus pecados  mais íntimos,sem pudores.
Mesmo com medo desses seus recém adquiridos poderes, Ig vai visitar sua família onde acaba descobrindo que sua mãe não o quer por perto, que seu pai tem certeza que ele é culpado e que foi ele quem mandou colocar fogo no laboratório onde estavam as provas que inocentariam Ig, e que sua vó não o suporta. Mas o mais chocante de tudo e o que seu irmão Terry tem a revelar. Ele sempre soube quem assassinou Merrin, e o nome que ele revela como culpado é algo chocante para o pobre Ig, alguém que ele nunca imaginou ser capaz de algo tão abominável.
 “(...)como a vida era igual a uma bala, não sabia o que iria encontrar,nunca saberia de nada alem da velocidade do impacto.(...)”
Como a maioria deve saber, Joe Hill é filho do suposto mestre do terro, Stephen King , e em tudo que ele escreve fica evidente a influencia que a escrita do pai exerce nele. Na verdade, a semelhança é tanta, que parece que você esta lendo algo escrito pelo Stephen e não pelo Joe. Inclusive ele herdou (ou copiou) até mesmo os defeitos do pai, com aquela escrita lenta e arrastada, com excesso de descrições e detalhes enfatizando momentos totalmente desnecessários  e devaneios dos personagens, totalmente descabidos e que não acrescentam em nada. Mas isso tudo que já falei quando resenhei “Nosferatu”, então vamos pular essa parte.

Neste livro Joe Hill aborda a questão do pecado e da tendência humana a ele, principalmente induzido pela maldade, inveja e ganância. É um debate filosófico sobre a ração humana e a sua credulidade tanto em Deus quando no Diabo. Quando Ig acorda com os chifres, aos poucos ele se torna aquele diabo dos contos infantis, com chifres, pele vermelha e o tridente na mão, quando mais ele conhece os pecados de seus entes e amigos, mais ele se transforma. O livro aborda questões teológicas em diversos momentos.

Durante a leitura a narrativa é intercalada entre o presente e o passado, vamos também conhecer a infância de Ig e onde tudo começou, e é ai onde a narrativa se perde, tornando a leitura enfadonha e cansativa. O autor prolonga demais momentos desnecessários, recontando passo a passo a historia até o ponto em que o livro começa, destrinchando e esmiuçando fatos totalmente irrelevantes. A impressão que temos é que ele tentou prolongar o livro, usando mais de 300 paginas para algo que poderia ser contado em 100. É frustrante e irritante, já que você anseia por saber o final, mas ao mesmo tempo fica entediado e sem vontade de ler. Por muito pouco não pulei as paginas diretamente para o ultimo capitulo, para enfim , saber o resultado de tanta enrolação sem sentido.
 O livro é classificado do gênero terror, mas isso é o que menos encontramos, esta mais para um debate teológico sobre o bem e o mal. É claro, é um livro triste e algumas partes –muito poucos- é intenso, pois a sua base é um assassinato a sangue frio, que reflete toda a maldade do ser humano uns com os outros.
O que me manteve na leitura foi a curiosidade sobre apenas duas coisas: o porque do Ig receber os chifres, e a tal maldição de induzir a verdade em todos que o olhem. Ok, tudo bem, ele descobre o assassino de Merrin assim, mas porque ele recebeu os chifres? Porque ele? Porque naquele momento, vários meses depois do assassinato?
O segundo foi por esperar a punição do assassino, e o mistério por trás disso. Mas, sem suma, nenhuma dessas questões foi respondida, ficamos apenas com a dedução dos diversos porquês de toda a trama. O leitor fica apenas com esse diabo estereotipado, e nada de explicação para a trama, que , vamos deixar claro, não evolui nada em mais de 300 paginas.

A narrativa é feita em terceira pessoa, intercalando e acompanhando outros personagens, inclusive o vilão. Outro ponto negativo é linguagem chula usada, isso me incomodou bastante.
A diagramação é simples, com uma revisão bem feita, fonte agradável para a leitura, paginas amareladas  e uma capa maravilhosa, que devo admitir, foi a única coisa que me levou a desejar este livro.
Este é um livro para quem curte o gênero, e deve ser lido em doses homeopáticas,intercalando entre outras leituras.

Amaldiçoado foi adaptado e deveria ter seu lançamento no Brasil no dia 19 de fevereiro, mas adivinhem, não aconteceu o lançamento.Adivinhem de novo, quem é a produtora responsável pelo lançamento no Brasil?? palpite? Diamond Films! Para quem não sabe, é a mesma que ferrou a estreia de Vampire Academy no Brasil cancelando o lançamento duas semanas antes, quando já tinha até cartaz nos cinemas.



Sobre o autor:

Joseph Hillstrom King, mais conhecido como Joe Hill é um escritor estadunidense de livros do gênero de ficção. É filho do também escritor Stephen King. Seu nome foi escolhido como uma forma de homenagem ao anarquista sueco Joe Hill.

7 comentários:

  1. Eu tenho esse livro, Geeh. Mas é na edição anterior.
    Tenho muita vontade de ler esse livro. Muito bom saber que é evidente a influência do pai para com o filho no estilo do gênero. Afinal, King é o mestre do terror, o filho não poderia ser diferente.
    Super adorei e vou querer conferir, sem dúvidas.

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  2. Oi Geeh...
    Nao sabia que era o mesmo autor de Estrada da noite, eu queria muito ler este livro ainda.
    Confesso que não tenho muita vontade de ler este, acho que teria medo..rs

    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. gostei da resenha, nunca tinha lido nada de terror antes por medo rsrs, mas decidir superar isso, e quero começar por esse que achei bem interessante por sinal

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  5. Geeh, quero chorar! Haha… Menina, você conseguiu mudar completamente a minha perspectiva sobre esse livro/filme. Eu sempre quis ler algo do Joe Hill – e não, não é por seu parentesco com o S. King, porque nunca li nada do pai dele. Mas não sabia que a narrativa era tão semelhante ao pai, tão descritiva e detalhada, tão arrastada. Que medo de odiar o livro!
    O pior é saber que o filme provavelmente será, também, uma porcaria – considerando como foi VA. Aiai… fiquei realmente duvidosa sobre ler Amaldiçoado.

    Beijos!
    http://www.myqueenside.blogspot.com

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    1. Foi a produtora brasileira que distribuiu o filme por aqui. Não são os responsáveis pela criação de nenhum dos dois filmes. Então, não te baseia nisso. ahahahah

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  6. Oi! Quem nunca ouviu falar do mestre do terror?! Nunca li nada dele, mas vejo a admiração que muitos tem por ele, confesso que não li por conta do medo, mesmo que os livros sejam uma trama mais "perturbadora". Tenho um livro de Joe aqui, Nosferatu, me atraiu pela capa e eu nem sabia do que se tratava. Não gostei dessa capa, fiquei muito assustada e com a história fiquei mais ainda, não vou ler.

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