Resenha: O Príncipe dos Canalhas - Loretta Chase

06 julho 2015

Edição: 1
Editora: Arqueiro
Autor: Loretta Chase
ISBN: 9788580413991
Titulo original: Lord of Scoundrels
Ano: 2015
Páginas: 288
Tradutor: Ivar Panazzolo Junior

Sinopse:
Sebastian Ballister é o grande e perigoso marquês de Dain, conhecido como lorde Belzebu: um homem com quem nenhuma dama respeitável deseja qualquer tipo de compromisso. Rejeitado pelo pai e humilhado pelos colegas de escola, ele nunca fez sucesso com as mulheres. E, a bem da verdade, está determinado a continuar desfrutando de sua vida depravada e pecadora, livre dos olhares traiçoeiros da conservadora sociedade parisiense. Até que um dia ele conhece Jessica Trent...
Acostumado à repulsa das pessoas, Dain fica confuso ao deparar com aquela mulher tão independente e segura de si. Recém-chegada a Paris, sua única intenção é resgatar o irmão Bertie da má influência do arrogante lorde Belzebu.
Liberal para sua época, Jessica não se deixa abater por escândalos e pelos tabus impostos pela sociedade – muito menos pela ameaça do diabo em pessoa. O que nenhum dos dois poderia imaginar é que esse encontro seria capaz de despertar em Dain sentimentos há muito esquecidos. Tampouco que a inteligência e a virilidade dele pudessem desviar Jessica de seu caminho.
Agora, com ambas as reputações na boca dos fofoqueiros e nas mãos dos apostadores, os dois começam um jogo de gato e rato recheado de intrigas, equívocos, armadilhas, paixões e desejos ardentes.

Resenha:

Porque sim, eu estou na fase dos romances de época!!!  É, vocês devem ter notado, que quando eu “engreno” em um gênero,  não saio dele por um loooongoo tempo! Pois é, de uma herege que não conhecia romance de época, à alguém que os lê compulsivamente, acho que evolui consideravelmente. E como a editora Arqueiro é a coisa mais amada que existe, esta nos (me) presenteando com lançamentos quase todos os meses!!
Mas, hoje vamos falar sobre "O príncipe dos Canalhas", onde vamos conhecer a historia de Sebastian Ballister também conhecido  por seu título, Lorde Dain, mas, que aos cochichos dos fofoqueiros e empregados, é chamado de Lorde Belzebu.

Dain é a personificação de tudo que a maioria das pessoas da época não aceitam, o tornando o libertino mais falado e até mesmo temido da região. Mas, o que poucos sabem é que seu passado esconde alguns horrores que ninguém nem sonha. A vida nem sempre foi fácil para Lorde Belzebu. Seu pai perdeu a primeira mulher e todos os filhos para uma doença que desolou a cidade anos antes.Mas, para não perder seu título  se viu obrigado a casar novamente, desta vez com a mãe de Sebastian. Mas o casamento não era feliz, seu pai era um homem frio e insensível, já sua mãe uma mulher de sangue quente que ansiava por vida, e que consequentemente acabou fugindo com outro homem poucos anos após seu nascimento, o deixando aos cuidados de seu pai, que não tinha nenhum interesse em estar perto do filho da mulher que o abandonou e a lembrança constante do que precisou fazer e de Sebastian era um substituto para seus outros filhos falecidos.
Os anos seguintes a fuga de sua mãe também não foram fácil, já que foi enviado pelo pai para uma escola interna, onde era ridicularizado diariamente por seus colegas por seu corpo magro, sua altura e seu nariz grande .
O relacionamento com o pai só piorou com o passar dos anos, e a vontade de ser independente e se manter o mais longe possível levou Dain a crescer rapidamente e a se tornar um homem de negócios muito cedo, e juntando tudo o que recebia de mesada mensalmente junto com o bilhetes de poucas palavras escrito pelo assistente do pai, ele logo conseguiu multiplicar muitas vezes o valor, se tornando um homem independente e assim fugindo o máximo possível.
 Anos se passaram e com a determinação em ficar o mais longe possível, ele também não teve mais contato com o pai. Mas, quando um bilhete chega a sua porta avisando do falecimento do pai, Dain é obrigado a voltar para sua cidade e encarar novamente a vida como o herdeiro do título de Lorde Dain.
“Bertie contara que Dain era um homem muito grande, então ela imaginou algo parecido com um gorila. Não estava preparada para um garanhão: grande e de proporções esplêndidas, vigorosamente musculoso, se o que as calças justas delineavam indicasse a realidade. Ela não deveria olhar para lá, mesmo que fosse apenas por um instante, mas um físico como aquele exigia atenção e a atraía para... todos os lugares.”
E levou pouco tempo para que sua fama criar raízes em sua nova morada. Lorde Belzebu era temido ou invejado pelos homens, por sua fortuna e vida de luxo, regada a bebidas caras e mais belas prostitutas que pudesse encontrar. Era também o terror das mães com filhas solteiras, já que a sua reputação de mulherengo o precedia em qualquer lugar que fosse e também era alvo dos olhares cobiçosos daquelas que almejavam um bom casamento. Mas, Daín não podia estar mais desinteressado, o que ele menos desejava era uma esposa, casamento e filhos. Perpetuar seus genes era inconcebivel pra ele, fadar uma criança inocente a passar por tudo que ele passou, a humilhação, a feiúra e o fato de que provavelmente não conseguiria ama-lo , estava longe de estar em seus planos, assim como cortejar damas de família e honradas. Seus relacionamentos se restringiam apenas a mulheres que tinham sexo como profissão, sem envolvimento amoroso ou cobranças.
Mas mau sabia Dain que suas convicções estavam por cair por terra. Assim que ele colocou os olhos em Jessica Trent um desejo devastador o consumiu misturado a um sentimento de posse.
"Ele a observou com um olhar duro. Encarando aquele rosto severo e sombrio, aqueles olhos negros e implacáveis, não foi difícil para Jessica imaginá-lo sentado em um imenso trono de ébano na parte mais funda dos abismos de Hades. Se olhasse para baixo e descobrisse que a bota cara e lustrosa que ele calçava havia se transformado em um casco de bode, ela não se surpreenderia."
Jessica é uma dama de família, mas que perdeu os pais muito jovem e passou a ser criada por parentes. Com vinte e sete anos e muito a frente de seu tempo, ela não se rendeu aos inúmeros pedidos de casamento e a constante insistência dos homens, mesmo já sendo considerada uma solteirona para os padrões da época, Jessica exala sensualidade e ingenuidade, atraindo olhares onde quer que vá. Mas o sonho dela  é montar o seu negocio próprio, uma loja de antiguidades, e não se unir ao grande grupo de mulheres que abdicam da própria vida para ter um casamento e filhos.
Jessica Trent é decidida e capaz, bem ao contrario de seu irmão,Betie, viciado em jogos e bebidas e atualmente a sombra de Lorde Dain.
 Bertie não tem a metade da inteligência da irmã, assim como seu tino para os negócios, e andar com Dain os esta levando à ruína, já que ele gasta cada tostão da família tentando se igualar ao Lorde durante as noites de jogatina e bebedeira. Mas sua irmã está decidida, precisa resgatar Bertie da influencia de Dain e por um fim nessa amizade doentia entre os dois.
Mas agora Dain esta interessado em Jessica,mesmo que não admita, e ela determinada a derrotar ele e tirar seu irmão das garras de Lorde Belzebu, apesar de se sentir incrivelmente atraída por ele. E quando o jogo de poder começa, quem vai sair vencedor?
"Os dois podiam personificar dois exércitos furiosos, e o beijo seria uma batalha de vida ou morte. Eles tinham o mesmo objetivo: conquistar, possuir. Dain não ofereceu trégua. Jessica não fazia questão de nenhuma. Não conseguia se saciar do pecado ardente que a boca de Dain lhe oferecia, a pressão abrasadora da mão dele deslizando pelo seu quadril e agarrando seu seio."
Ai gente, o que falar deste livro que mal li e já amo pakas??? Sem sombra de duvidas esse é o livro mais divertido que eu li esse ano, e ao mesmo tempo ele é também imensamente complexo.
Dain é um personagem maravilhoso. Ignorado pelo pai e abandonado pela mãe, ele se tornou uma pessoa amarga e alto suficiente, independente em todos os sentidos e desprovido de emoções, ao menos aparentemente. Depois de sofrer bastante na infância e na adolescência por sua aparência feia, ele passou a tentar chocar as pessoas de todas as formas possíveis, mostrando a elas que ele poderia ser ainda pior do que elas imaginavam, sem contar que todo esse histórico de rejeição o transforma em alguém que tem a si mesmo em baixa opinião, alguém com a alto estima comprometida, que apesar de ter tudo que a maioria dos homens desejaria, sempre se sente inferiorizado. Ele tem uma bagagem emocional bastante grande e trabalhada com maestria pela autora ao longo do desenvolvimento da trama. E sim, vocês não entenderam errado, estamos lidando aqui com um mocinho foras dos padrões de beleza estipulado. Para Lorde Belzebu, nada da aparência de um anjo, ou de um deus grego. Ele varias vezes é descrito como uma pessoa feia, com um nariz imensamente grande desproporcional ao seu rosto, além de ser extremamente alto. E novamente temos autoras do gênero romance histórico trazendo anti- heróis para nos, contradizendo aquela idéia que temos que o gênero apresenta sempre o romance bonitinho e chichê. Na verdade, hoje em dia tenho me deparado com inúmeros romances contemporâneos que são só copias uns dos outros, sem nenhum atrativo extra, isso sim é clichê. Acho que essa minha atual fascinação pelos de época é influencia disto, por aqui nada de sexo, sexo e sexo e pouco conteúdo realmente, encontramos diálogos espirituosos, trama envolvente, personagens complexos e cativantes.

Mas voltando a falar sobre os personagens, vamos falar de Jessica. Essa sim é uma mocinha de se inspirar. Decidida e extremamente perspicaz, Jessica Trent esta muito a frente de seu tempo. Ela não se deixa intimidar, e faz de tudo por sua família, nem que pra isso ela precise usar sua pistola ou sair no tapa com quem quer que seja. Gente, acreditem ou não, eu não vi Jessica ficar se lamentando ou chorando pelos cantos em nenhum momento, nem mesmo quando as coisas realmente ficaram feias para ela. Quem pode me dizer um romance contemporâneo que tenha isso?? Hmm? Normalmente elas se enroscam na cama em posição fetal e choram até que o príncipe encantado(ou como está na moda, o empresario rico) aparece e salve o dia e as bundas inúteis delas.
Este romance entre Dain e Jessica é aquele romance construído, não do tipo de amor instantâneo descabido. Sem contar que aprendemos com eles o fato de que não precisa ser perfeito para ser real . Existe um processo de “cura” entre eles que é lindo de se ver, Jessica consegue ver o melhor em Dain, mesmo que ele próprio não acredite que essa parte realmente exista. É um romance envolvente de todas as formas e sentidos, também muito humanizado, nos faz torcer e sofrer junto com os protagonistas.

Enfim, acho que já estou me prolongando demais por aqui , só quero continuar frisando que este é um livro maravilhoso, uma leitura fácil e fluida, uma narrativa muito bem estruturada, com personagens complexos e envolventes e uma trama coesa. Loretta Chase ganhou meu amor, e a certeza que comprar qualquer outro livro que ela venha a publicar. E não estou exagerando.
Esta é um versão de época da Bela e a Fera em resumo, mas não se iluda, a Bela também é fera e a Fera não é tão feia assim e nem tão assustadora.

Sobre o livro físico, nem preciso dizer, só fã de carteirinha da nossa amada editora Arqueiro, e como não podia deixar de ser, esse é um exemplar maravilhoso, com uma capa linda, diagramação simples e de boa qualidade, com paginas amareladas e fonte agradável para a leitura.

Sobre o autor:

Loretta Lynda Chekani nasceu em 1949 numa família albanesa. Assim que aprendeu a escrever, passou a por no papel historias que inventava. Formou-se em inglês pela Clark University, onde trabalhou meio período como professora, ao mesmo tempo em que escrevia roteiros. Foi quando conheceu um produtor que a inspirou a publicar suas historias. Os dois acabaram se casando. Com o sobrenome do marido, Loretta Chase vem publicando romances históricos  desde 1987, pelos quais ganhou vários prêmios, inclusive o RITA, da Associação  Americana de Escritores de Romances, por O Príncipe dos Canalhas.

8 comentários:

  1. Olá, Geeh.
    O que me chama a atenção nesse livro são os personagens. Eu adoro personagem desse tipo, meio louco, fora dos padrões de sua época. Esses "anti-heróis" são bem melhores do que mocinhos e mocinhas idealizados. E isso aliado a uma escrita agradável certamente fará o livro me ganhar.
    Darei uma chance ao livro.

    Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de julho. Serão dois vencedores.

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  2. Oi, Geeh!!
    Fiquei com vontade de ler esse livro por ser bem divertido, e também trazer personagens envolventes. Gostei de saber que o romance é verdadeiro e não é rápido.
    Ótima resenha! Bjos <3

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  3. Geeh!
    Adoro as releituras dos contos de fadas e A Bela e a Fera é meu conto favorito.
    O que mais me chamou a atenção aqui é que o fragilizado é o protagonista masculino, diferente dos outros romances históricos. Adorei!
    “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.”(William Shakespeare)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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  4. Oiii,
    O livro parece ser muito bom, eu também gosto muito de romances de época, li dois da Madeline Hunter e gostei muito, comecei a ler ontem O Duque e eu da Julian Quin e já me envolvi com a historia hehehe já me sinto naquela época hahahah, já irei adicionar O Principe dos canalhas na minha lista.
    Beijos *-*

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  5. Oi Geeh,
    Já estou pouco apaixonada com os romances de época da Arqueiro e você ainda vem e me diz que é uma versão de ápoca da A Bela e a Fera <333, se bem que só por ser romance de época eu me interessei e saber que a mocinha está a frente do seu tempo é um diferencial.
    Beijocas ^^

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  6. Eu comecei a ler esse livro e posso dizer que me apaixonei perdidamente por esse livro e ainda nem o terminei mas é muito amor envolvido então não tenho como evitar kkk Eu tenho que tirar o meu chapéu pra Jessica que teve muito pique pra aguentar o Dain, digo logo que se fosse eu já tinha desistido da causa, como você quando eu embarco em gênero literário eu demoro um pouco pra sair. Depois de sua resenha eu tenho que terminar de ler esse livro, não o terminei de ler por causa da faculdade mas minha ferias estão chegando e vou termina-lo.

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  7. Ai que fofura sua resenha!
    Eu também peguei aquela fase de romances de época.Leio todos que encontro pela frente.Consigo até imaginar o quão magnifico é Dain e as brigas dele com Jessica,que alias deve ser uma personagem sensacional pela sua descrição.E esse irmão dela deve ser um bobão pé no saco kkk.E eu adorei essa capa,muito melhor que aquela original.
    beijos

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  8. Oi!
    Nunca li nenhum romance de época, mas se essa é uma versão de A Bela e a Fera eu com certeza quero ler, é o meu clássico preferido!
    E como assim Lorde Dain também é chamado de Lorde Beuzebu? Ri demais aqui quando li isso, hahaha.
    Beijo.

    Está rolando sorteio lá no blog, vem participar -> Choque Literário

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