Resenha: Simplesmente o Paraíso - Julia Quinn

06 junho 2017

Edição: 1
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580416626
Autor: Julia Quinn
Serie: Quarteto Smythe-Smith - Livro 1
Titulo original: Just Like Heaven
Ano: 2017
Páginas: 272
Tradutor: Ana Rodrigues

Sinopse:
Honoria Smythe-Smith é parte do famoso quarteto musical Smythe-Smith, embora não se engane e saiba que o dito quarteto carece sequer do menor sentido musical e tem esperanças postas que esta seja a última vez que se submeta a semelhante humilhação. Esta será sua temporada e com um pouco de sorte conseguirá um marido.
Durante um jantar, põe seus olhos em Gregory Bridgerton, um dos mais jovens da família Bridgerton. Sabe que não está apaixonada, mas ele parece uma opção mais que válida.
Marcus Holroyd é o melhor amigo do irmão de Honória, Daniel, que vive exilado na Itália. Ele prometeu olhar por ela e leva suas responsabilidades muito seriamente. Odeia Londres e durante toda a temporada, permaneceu vigilante e intermediou quando acreditava que o pretendente não era o adequado.
Honória e Marcus compartilham uma amizade, pouco atípica, fruto dos anos que se conhecem e que o torna parte da família.
Entretanto, um desafortunado acidente faz que ambos repensem sua relação e encontrem a maneira de confrontar o que surge entre eles, se tiverem coragem suficiente
Resenha:

Quem leu “Os Bridgertons” com certeza já ouviu falar sobre os terríveis concertos musicais da família Smythe-Smith, não é mesmo?
Honória é uma das integrantes do malfadado grupo. A violinista, para ser mais exata. Mas, para ser considerada uma péssima musicista, ela precisaria melhorar muito ainda, assim como as outras três integrantes do grupo.
E é a péssima habilidade das meninas que faz com que os concertos anuais que a família cisma em promover, se torne um evento lendário. Todos tentam evitar o convite, a todo custo, e os que comparecem, por obrigação, quase sempre estão munidos de tampões para os ouvidos. E alguns poucos, comparecem apenas por pena das pobres garotas que mutilam seus instrumentos.
"Ficava subentendido que todas as filhas Smythe-Smiths deviam aprender a tocar um instrumento para que, quando fosse a vez delas, se juntassem ao quarteto. Uma vez lá, permaneceriam até encontrar um marido. Aquele era, Honória pensara mais de uma vez, um argumento tão bom quanto qualquer outro para que alguém se casasse cedo."
Mas o que ninguém sabe é que para as próprias Smythe-Smith os concertos são um tortura sem fim. Elas tem totalmente consciência do quão ruim são. Mas essa é uma tradição familiar, e as meninas só pode deixar o grupo quando se casar, e assim deixar a vaga para outra Smythe-Smith mais jovem.

 Honória esta em seu segundo ano como o violinista do grupo e não tem perspectiva de deixa-lo, já que durante as temporadas que participou, não recebeu nenhuma proposta de casamento, nem mesmo dos caçadores de dotes. Mas para ela está tudo bem, Honória é uma mulher que preza a família, e ensaiar com suas primas para as apresentações é algo que ela adora. Apesar de todas detestem os recitais anuais, as meninas adoram se reunir para conversar e fofocar, sobre o pretexto do ensaio.

Por falar em família, Honória foi privada da presença do irmão Daniel, que após um incidente, precisou fugir do pais, deixando sua mãe devastada, em uma depressão profunda que só faz piorar com o passar dos dias sem noticias do seu primogênito.
Mas elas contam com a presença constante de Marcus Holroyd, o melhor amigo de Daniel e que sempre conviveu com a família Smythe-Smith.

Só que Honória nem sonha que antes de partir, Daniel pediu para que Marcus tomasse conta da irmã, a protegendo e tudo e todos, principalmente para que ela cai nas garras de algum caçador de dotes que a faça infeliz no casamento. E que essa é a causa solteirice de Honória: Marcus vem espantando todo e qualquer rapaz que se aproxime dela e que ele não considere digno da irmã de seu melhor amigo.

Outra coisa que Honória não sabe é o quanto Marcus é um homem atormentado pelos fantasmas do passado, e o quando a vida do jovem Lord é solitária e vazia.
"Então, ergueu os olhos para Marcus e sorriu de novo. Por um momento, sentira-se ela mesma outra vez, como a moça que fora apenas alguns anos antes, quando o mundo se estendia à sua frente, uma esfera cintilante repleta de promessas. Nem se dera conta de que sentia falta daquela sensação de pertencimento, de estar no lugar certo, com alguém que a conhecia plenamente e, ainda assim, achava que valia a pena rir com ela."
Ah, como eu amo a escrita de Júlia Quinn. Foi ela que me levou para o mundo dos Romances de Época, como vocês bem sabem. Fiquei encantada com a proposta da autora de mostrar um pouco mais sobre as pobres garotas Smythe-Smith, que para quem leu “Os Bridgertons”, sabe o quanto elas são citadas, e não de modo muito lisonjeiro, é verdade.

Eu também fiquei super feliz em rever Gregory e Collin Bridgerton, que fazem uma grande participação na trama de “Simplesmente o Paraiso”.
Mas o ponto alto da trama é mesmo o protagonista. Marcus Holroyd é um personagem que foge dos padrões de Júlia Quinn. Normalmente  a autora tende para a comedia e não para o dramático, e Marcus destoa gritantemente. Ele é um personagem sombrio e melancólico, que tem uma bagagem emocional muito grande. Mas, a autora destrinchou o passado traumático do personagem com maestria, sem deixar que se sobrepusesse ao tom leve que a trama segue.
Na verdade, Honória é a antítese de Marcus. Enquanto ele é sombra, ela é luz. Fica claro que a autora nos trás a diferença entre as criações, em como a criação recebida pode determinar o tipo de pessoa que você se torna quando adulto. Marcus é um aristocrata rico e dono de um título. Um rapaz com tudo para ser o foco da sociedade, mas se fecha em si mesmo com medo de enfrentar o mundo. Já a Honória, que vem de uma família menos abastada, mas extremamente unida, é uma menina que brilha por si só, apesar dos percalços.

Como todo bom romance de época, o final é um pouco previsível. E sim, acontece exatamente o que você está imaginando. Honória e Marcus são amigos de infância que começam a perceber que talvez dessa amizade possa nascer algo mais, algo mais intenso. Mas, ao mesmo tempo, ambos não estão preparados para sair da zona de conforto de uma boa amizade para tentar algo mais, que pode vir a estragar o que eles já tem, e não se encaminhar para nada mais significativo. Sem contar que os fantasmas do passado de Marcus fazem com que ele duvide de si mesmo e de sua capacidade de obter amor.

A trama não possui muitos personagens. Poucos são apresentados e alguns dos que ajudam na construção da trama são velhos conhecidos dos leitores da Júlia. Mas, o foco é praticamente só no casal de protagonistas.

Enfim, o livro segue o padrão de escrita da autora, com uma narrativa leve e envolvente, que prende o leitor.  Mas, ao meu ver, faltou um brilho extra a obra. É uma boa leitura, mas que não teve aquele “a mais” para me fazer suspirar. Talvez seja a simplicidade da trama em si, sem muitas reviravoltas, tudo seguindo o curso natural. Apesar da trama bem articulada, falta um plot para dar alguma emoção no enredo.

Gostaria de frisar, que uma das coisas que mais me envolve nos livros da autora é esse amor familiar que ela acrescenta. Principalmente o amor entre irmãos. E também a lição de aceitação familiar e o apoio mutuo, tanto com seus membros ou com os amigos, que se tornam agregados facilmente. A autora sabe falar sobre o amor, fim do assunto, seja ele qual for.

Já o obra física, é também muito encantadora, com uma capa belíssima, com uma textura aveludada, uma diagramação bem elabora, com notas musicais,uma revisão boa, fonte agradável para leitura e paginas amareladas.
"Marcus não conseguiria de modo algum descrever o som produzido pelos quatro instrumentos na sala de ensaio das Smythe-Smiths. Não sabia nem se havia palavras para descrevê-lo, ao menos não de forma educada. Abominava a ideia de chamar aquilo de música; na verdade, era mais uma tortura do que qualquer outra coisa." 
Sobre o autor:

Julia Quinn começou a trabalhar em seu primeiro romance um mês depois de terminar a faculdade e nunca mais parou de escrever. Seus livros já atingiram a marca de 8 milhões de exemplares vendidos, sendo 3,5 milhões da série Os Bridgertons.
É formada pelas universidades Harvard e Radcliffe. Seus livros já entraram na lista de mais vendidos do The New York Times e foram traduzidos para 26 idiomas. Foi a autora mais jovem a entrar para o Romance Writers of America’s Hall of Fame, a Galeria da Fama dos Escritores Românticos dos Estados Unidos, e atualmente mora com a família no Noroeste Pacífico.

4 comentários:

  1. Julia Quinn esta no topo de romances de época que eu preciso ler, sempre vejo resenhas maravilhosas sobre os livros dela, mas eu ainda não pude conferi-los.
    Vou ter que ler a outra serie dela pois já que aparecem nessa eu não vou saber quem são. Adorei a sua resenha e me incentivou ainda mais a querer ler os livros da autora, e espero que assim como voce tambem ame os dela e os romances de época.

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  2. Ainda anão li nenhum livro da autora e quero muito ler essa série, pena que esse faltou algo que desse uma boa suspirada no leitor. Mas deve ser fofo o romance do casal por já se conhecerem dese a infância, deve ser divertido o Marcus espantando os pretendentes da Honória, coitada e nem sabia rs.

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  3. Oi Geeh,
    Já li a série dos Bridgertons e gostei muito. O quarteto parece seguir a mesma forma de construção dos personagens, pelo que eu pude entender. Adorei a Honória e o mocinho dela e a dicotomia sombra vs luz que você falou. Tô dando uma pausa nos livros de época, mas pretendo ler esses pra dar uma fechada de vez na escrita d a Julia.
    abc

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  4. Geeh!
    Romances de época são um deleite, né? E quando bem escritos como a Julia Quinn faz, nos transporta para a época e para os eventos descritos no livro.
    Nossa! Fico imaginando o quanto deve ser péssimo escutar esse quarteto tocando e o quanto deve ser linda a história de Honoria (que nome é esse? pelo amor...) e Marcus.
    “A única sabedoria que uma pessoa pode esperar adquirir é a sabedoria da humildade.” (T. S. Eliot)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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