Resenha: Quando ela Desaparecer - Victor Bonini

08 abril 2019

Edição: 1
Editora: Faro Editorial
ISBN: 9788595810587
Ano: 2019
Páginas: 272

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Livro cedido em parceria com a editora
Sinopse: “QUAL A ARMA MAIS LETAL DO MUNDO?OS SEGREDOS DAS PESSOAS.”
Do autor de O CASAMENTO e COLEGA DE QUARTO
Uma garota de dezesseis anos desaparece durante uma excursão escolar. Mas não se trata de qualquer garota. Dois anos atrás, ela esteve à beira da morte, e quando foi encontrada, ninguém acreditou que sobreviveria.
Agora, há dois meses desaparecida, não restam dúvidas de que esteja morta. Rastros de sangue e um colar arrancado são as únicas pistas. Pressionados, os policiais estão desesperados por respostas, mas ninguém na longa lista de suspeitos parece ter forte motivação para cometer um crime.
Até que o caso vira de cabeça para baixo e segredos muito bem enterrados emergem para revelar o lado cruel de um lugar aparentemente tranquilo. No meio de tantos possíveis culpados, os inocentes é que estão mais aflitos… porque alguns deles começaram a morrer.

Não é surpresa pra ninguém que sou fã desse escritor. Mais uma vez, Victor Bonini nos trás uma história rica em detalhes e o que mais importa: prende o leitor do começo ao fim, nos fazendo criar teorias e nos impactando com um final arrebatador.

Quando ela Desaparecer mobilizou as redes sociais antes mesmo de seu lançamento: parceiros da editora publicaram vídeos com a #cadêakika, mesmo sem saber ao certo, o que esperar desse enredo. Não foi em vão a espera, estou sem palavras e ainda com aquele gostinho de quero mais impregnado na alma depois de finalizar mais essa leitura.
"- Durante toda a investigação da Kika foi esse aperto por resultados. Éramos pouquíssimos pra tanta coisa. A gente dava uma garfada e já vinha um prato cheio em seguida. Até hoje a gente é assim, qualquer DP é assim. Mas a agente acabou dando atenção redobrada e imediata pra Kika por causa da pressão da mídia e da sociedade. Senão, ia entrar na fila e ficar esperando, igual aos outros casos. A gente atende quando dá tempo.
Sobre as frustrações na primeira busca, justamente nas 48 primeiras horas do desaparecimento - conhecidas como as mais importantes para apuração dos fatos após um crime -, Elise Rojas diz que se surpreendeu:
- Geralmente, num caso assim, a gente mergulha nos arredores e consegue pelo menos alguma coisa: um indício de pra onde a pessoa foi, câmera mostrando onde ela passou, testemunha que viu. No caso da Kika, não tinha nada, nada. Ficávamos olhando um pro outro, tentando entender, 'gente, o que aconteceu aqui?'. É que, claro, não sabíamos ainda o tamanho da coisa."
Logo no começo, descobrimos que o livro foi baseado em um inquérito policial. Sarah, a autora do livro nos vai entregando as partes essenciais de um quebra cabeças que tende a mudar constantemente. Sarah é jornalista e estudou na mesma escola que a protagonista: Francisca Silveira do Carmo, mais conhecida como Kika.

Kika é a garota linda que tem todos os meninos aos seus pés, claro que com isso, também ganha o ódio de algumas garotas. O bullying começou cedo para Kika, ser uma das garotas mais bonitas do bairro e não fazer muitos amigos contribuiu para seu jeito introvertido.
Com o desaparecimento da garota, muitas questões são levantadas e segredos revelados. A polícia não tem pista do sequestrador e todos são suspeitos. Os moradores do CECAP passam a temer circular por ali, principalmente os adolescentes. Tudo leva a crer que Kika pode não estar mais viva, mas a determinação do Delegado Lauro e sua equipe os levam por caminhos sombrios e com isso, a descobrir a verdade aterradora por trás desse desaparecimento.
"- Você tem que acreditar que aquilo que aconteceu há dois anos foi porque todas as meninas odeiam a Kika por um motivo maior, que nem elas sabem explicar. Elas nem olham pra cara da Kika. Nunca olharam. Ou se olham é pra tirar um puta sarro ou xingar ela de, sei lá, biscate.
- Filha.
- Mas é verdade, mãe. No fundo, ela é uma coitada. Acho que a reação natural dela a esse ódio todo foi virar uma menina pedante, egoísta, que precisa de atenção. Uma menina que, às vezes, chega a ser insuportável."
Quando ela Desaparecer é um livro completo. Nunca li nenhum livro com perspectiva jornalística que me prendesse tanto. O leitor nem percebe que as folhas estão passando e o fim está próximo. A narrativa em primeira pessoa de Sarah é sucinta e, a primeira vista, sem envolvimento real com o caso. Pareceu-me que ela queria contar essa história somente pela maneira obscura que ele se revelou, mas claro que não é só isso.
Não posso deixar de citar que o autor foi fiel em todos os aspectos ao ambientar a história - não conheço Guarulhos, muito menos o CECAP, mas me senti em casa, andando pelas ruas, vendo os prédios e participando das festas na Praça dos Mamonas.

Claro que além de uma ficção que vai deixar o leitor ávido para conhecer os demais livros do autor, (para quem não conhece, Victor Bonini é autor de Colega de Quarto e O Casamento. Ambos com resenha aqui no blog <3) Quando ela Desaparecer também trás questões da nossa vida real, como o bullying e o descobrimento sexual.
Os personagens são tão reais que é difícil não se apegar, ainda mais quando é um personagem que você já conhece dos outros livros: SIM!!! Lyra está aqui neste livro também, mas somente como um personagem secundário, uma fonte para Sarah que acabou sendo mais que isso. Gostei muito de encontrá-lo aqui, Conrado Bardelli (Lyra) é um dos meus personagens preferido.
"— A realidade copia sim a arte — justifica ele. — No fim, muito se resume à jornada do herói: o conflito, a partida do protagonista, as dificuldades, as reviravoltas, o clímax e o desfecho com a volta do herói. O que eu fiz foi, digamos, colocar as cenas em ordem. o roteiro tinha sido mal editado de propósito. Só aí eu vi uma história convincente."
A edição está fantástica. Capa condizente com o enredo, letras em tamanho confortável para a leitura e o que eu mais gostei: as páginas são mais escuras nas partes mais tensas, onde os segredos são revelados. Faro editorial mais uma vez sendo a editora perfeita para os leitores que prezam perfeição.
Do mais, só posso indicar. Quem se segue no Instagram viu minha postagem do dia 27/03, quando terminei a leitura as 23hs e pouco da noite. Surpresa, arrependimento por ter lido tão rápido e satisfação por ter lido um livro incrível, esses foram meus sentimentos naquela hora. Sem contar que eu mal dormi, neh? Fiquei pensando no desfecho e imaginando mil coisas! hahahahaha

Então é isso, pessoal. Se deixar essa resenha não acaba. Leiam Quando ela Desaparecer. É um thriller de tirar o fôlego, recheado do povo paulistano; com segredos, mentiras e descobertas que vão fazer você suspirar! Recomendo!
“Experimente entrar na sua escola, no seu trabalho, na sua casa e olhar para os outros como possíveis sequestradores. Talvez assassinos. Estupradores. Você tem vontade de se esconder no quarto e não sair nunca mais. Sua rotina perde o sentido.
E, então, a prática provou uma velha teoria: o medo dá origem à ignorância.”

Sobre o autor:


Victor Bonini nasceu em São Paulo, morou em Vinhedo, interior do estado, e voltou à capital aos dezoito anos para cursar jornalismo. Sempre lhe perguntam se, ao longo da vida, havia indícios de que seria um autor de mistério. Aos sete anos, escolheu o filme Pânico como tema da festa de aniversário. Na adolescência, devorou todos os livros policiais e de terror que pôde encontrar. Na universidade, seu elogiado trabalho de conclusão de curso, em parceria com Mariana Janjácomo, foi um livro sobre o caso Pesseghini, apresentando vários aspectos do crime que chocou o país em 2013. O trabalho não foi publicado a pedido da família das vítimas. E aos vinte e dois anos, quando lançou seu primeiro livro, Colega de Quarto, pela Faro Editorial, ele finalmente entendeu que escrever é a forma de dar vazão a debates internos sobre a lógica de crimes e a mente dos psicopatas — pensamentos que o assombram como ideias para a ficção, querendo emergir. Victor passou pelas redações da GloboNews, TV Gazeta e Revista Veja. Atualmente é repórter da TV Globo, em São Paulo.


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