Resenha: O Cortiço - Aluísio Azevedo

06 janeiro 2020

Edição: 1
Editora: Edições Câmara
ISBN: 9788540204003
Ano: 2018
Páginas: 227

Skoob
Compre AQUI - Baixe gratuitamente para Kindle AQUI
Sinopse: A série Prazer de Ler apresenta, em seu novo volume, a principal referência da estética realista-naturalista na literatura brasileira, a obra-prima de Aluísio de Azevedo, O Cortiço. Ambição e exploração se misturam nessa envolvente e sombria história de uma habitação coletiva da capital do Segundo império. De um lado, a burguesia gananciosa e interesseira, disposta a tudo para enriquecer e subir na vida. De outro, personagens estereotipados, cheios de vícios e patologias, comparados a animais e movidos pelo instinto e pela fome. Todas as existências entrelaçadas e cruzadas em torno do cortiço de São Romão. Pela espetacular representação da vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro, esboçada com um colorido e com uma objetividade quase fotográficos, esta obra continua como um dos mais poderosos retratos da realidade brasileira. Um clássico da literatura nacional que, passado mais de um século de sua publicação, ainda tem o poder de emocionar e inquietar.


Hoje venho falar um pouco sobre minha última leitura, que foi um pouco diferente do que leio normalmente. Sempre gostei de ler, principalmente na infância  e adolescência. Mas assim como a maioria dos adolescentes achava muito chato ter que ler livros nacionais clássicos. O que me fez ler O Cortiço já adulta, foi a insistência do meu filho Isaac que ama ler clássicos (ama mesmo!!). Eu li a versão digital, que pode ser encontrada disponível gratuitamente em vários sites.

Foi uma leitura difícil confesso, como li pelo Kindle recorri ao dicionario em diversos trechos, pois algumas palavras e expressões no livro já não são tão utilizadas nos dias de hoje.
No começo a narrativa é lenta, pois tudo é muito detalhado. O enredo da história envolve muitos personagens, então às vezes pode ser difícil ligar um nome a um personagem que já foi descrito anteriormente, mas no decorrer da história vamos nos apegando aos personagens, e logo identificando cada qual com seu lugar e trejeitos. Os personagens são estereotipados, com alguns exageros em suas características - um dos pontos do naturalismo.
"Pois uma menina daquelas, criada a obedecer aos pais, sabe lá o que é não querer? Tenha você  uma pessoa, de intimidade com a família; que de dentro empurre o negocio e vera se consegue ou não!"
Demorei para me acostumar com a narrativa, mas depois de um tempo a leitura passou a fluir bem, e passei a gostar da história, (acho que poder discutir com o Isaac durante a leitura ajudou bastante).
A história se passa no seculo XIX, no Rio de Janeiro. O cortiço São Romão pertence a João Romão que também é dono da pedreira e da venda, um homem esperto e sem escrúpulo, que faz de tudo para subir na vida, e tem muita inveja de seu vizinho Miranda, um comendador dono do sobrado ao lado do cortiço. A rivalidade entre eles é muito grande, e João passa a fazer de tudo para ser rico, até entregar Bertoleza, escrava que ele vive amigado e que acredita ser livre, para seu dono.

A história gira em torno do cortiço e não de um personagem em especial. A história dos moradores nos mostra como é viver na miséria, com as dificuldades do dia-a-dia. Mesmo diante da luta diária eles ainda conseguem se divertir. Entre os moradores temos Jeronimo, um português que vem trabalhar na pedreira, casado com Piedade, ele se mostra um homem honesto até se interessar por Rita baiana e começar a colocar defeitos em tudo que a esposa faz e se abrasileirar para se encaixar a vida de Rita.
Vários outros temas são abordados no livro como machismo, prostituição, traição. Todos colocados de forma impecável pelo autor.
"Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar Alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência da neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem suspiro de saudade perdido em terra alheia.''
Não sei porque temos tanto medo de nos aventurar com livros clássicos, talvez seja o medo de não entender e se sentir menos inteligente, ou por sempre ouvir que é chato, mas seja qual for o motivo, deixe de lado e leia sem medo.
Eu adorei O Cortiço de um jeito que não achei que gostaria, acabei me divertindo com a história depois de insistir bastante na leitura.






Sobre o autor:


Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (São Luís, 14 de abril de 1857 — Buenos Aires, 21 de janeiro de 1913) foi um novelista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro; além de bom desenhista e discreto pintor.
Filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo,ainda jovem, enviuvara-se em boda anterior, e de D. Emília Amália Pinto de Magalhães, que se separara de um rico comerciante português, assiste Aluísio, em garoto, ao desabono da sociedade maranhense à união paternal contraída sem segundas núpcias, algo que se configura grande escândalo à época. Foi Aluísio, irmão mais novo do dramaturgo e jornalista Artur Azevedo, com o qual ,em parceria, viria a esboçar peças teatrais.



Nenhum comentário:

Postar um comentário