Resenha: As Cartas Que Não Chegaram - Mauricio Rosencof

14 maio 2020

Edição: 1
Editora: Record
ISBN: 9788501099945
Ano: 2013
Páginas: 128
Tradutor: Leticia Wierzchowski

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Sinopse: Dos campos de concentração nazistas às torturas realizadas pela ditadura uruguaia, As cartas que não chegaram reúne retratos terríveis e belos da história de uma família a partir do testemunho de um menino, um jovem e um homem: uma única memória que narra realidades que ofuscam a ficção. Mauricio Rosencof faz uma profunda reflexão sobre sua vida e a de seus familiares em meio a um mundo assolado por guerras e separações, mas com os vínculos mantidos que servem como alívio para a solidão e a tristeza.



Comecei a ler esse livro por acaso, estava procurando ebooks na Amazon e acabei escolhendo ele.
Finalizei a leitura em algumas horas por não conseguir me desligar da história até que chegasse ao fim.
Só consegui começar essa resenha depois de saber mais sobre o autor; assisti uma entrevista incrível que o jornalista Juca Kfouri fez com ele, onde ele fala um pouco sobre o filme "Uma noite de 12 anos" inspirado em outro livro do autor, que mostra os anos em que ele passou preso durante a ditadura uruguaia (assistam, sei que a maioria já conhece sobre o assunto, mas aprender nunca é demais).

Mauricio é dramaturgo, poeta e jornalista, foi diretor de Cultura da capital uruguaia, Montevidéu.
O livro "As Cartas Que Não chegaram"  traz momentos puxados da memória de Mauricio, sobre sua infância, sua família, avós e tios que ele não conheceu, a não ser por fotografias.
O mais legal é que a narrativa se inicia pelos olhos de Mauricio criança, até chegar em um Mauricio mais maduro, isso foi de uma genialidade incrível.
"Meu papai escreve para a mamãe dele e para os irmãos. Também escreve aos pais da minha mamãe. Minha mamãe não sabe escrever, mas ela não gosta que a gente fale sobre isso." 
Mauricio relembra do sofrimento dos pais, que conseguiram se refugiar para o Uruguai durante a guerra, mas tiveram que deixar a família para trás. E somente através de cartas recebiam noticias, então esperar pelo carteiro era um ritual de esperança.
 O livro também trás momentos de sua infância, quando ele ainda brincava na rua com alguns momentos bem divertidos, onde podemos ver um pouco desse garoto inocente que ainda não entendia muito como tudo funcionava.

A partir de suas memórias, Mauricio consegue levar o leitor a conhecer sua vida e de seus familiares, mostrando a força que essa família teve apesar de todo sofrimento causado pela guerra, toda luta somente por querer sobreviver.
O livro fala sobre solidão, sofrimento e superação, trazendo as cartas como um ponto de esperança, pois ao esperar uma carta, mostramos que a esperança ainda vive dentro de nós.
" Quando alguém conta dos seus naufrágios é porque não se afogou. Força."
Apesar do filme citado no inicio da resenha ser baseado em outro livro, neste encontramos passagens sobre sua prisão, sobre as cartas que ele escrevia para o pai escondido, pois não podiam ter papel nem caneta, ele se abre nessas cartas imaginando se as coisas poderiam ter sido de outra maneira e deposita nessas cartas todo o amor pelos pais, que foram expulso de sua casa por serem seus pais.
"Como puderam, como pôde aquele que te disse "fora" falar isso sabendo que vocês não tinham para onde ir e que eu não estava, não existia, estava morrendo..."
É indescritível o que senti ao ler esse livro, foi uma experiência única que se completou ao ver a entrevista e ouvir a voz daquele narrador que me trouxe momentos de aprendizagem sem igual, recomendo à todos que leiam.
Abaixo, segue a entrevista que citei na resenha. Vale a pena conferir:



Sobre o autor:



Mauricio Rosencof é dramaturgo, poeta e jornalista uruguaio da Flórida, Uruguai. Desde 2005, ele é diretor de cultura do município de Montevidéu. Ele foi um dos fundadores da União da Juventude Comunista e líder do Movimento de Libertação Nacional e, em 1972, foi preso e torturado.











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