Editora: Nós
ISBN: 9788569020301
Ano: 2018
Páginas: 192
Tradutor: Elisa Nazarian
Skoob
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Sinopse: Em Ruanda, as mães tutsis tremiam de angústia ao dar à luz um filho, porque sabiam que ele se tornaria um inyenzi, que poderia ser humilhado, perseguido, assassinado impunemente, como se fosse um inseto. Baratas, era a designação usada para classificar os tutsis durante a escalada do genocídio em Ruanda, e o argumento sobre o qual se fundamentava a engrenagem de aniquilamento e exterminação de um povo. Neste relato autobiográfico, Scholastique Mukasonga penetra camadas ainda mais profundas do massacre e expõe uma memória pessoal do horror – que é também coletiva. Com destemida coragem para abrir suas feridas, a autora nos ajuda a lembrar, para que jamais se repita o inominável.
A resenha de hoje é sobre um livro que me emocionou demais. Nesta autobiografia, Mukasonga conta sobre sua vida em Ruanda, em como seus pais a salvaram fazendo de tudo para que ela estudasse. Desde sua infância Mukasonga aprendeu a sobreviver, pois os tutsis vivam em constante ameaça. Coisas simples como buscar água, eram extremamente perigosas, pois as mulheres e meninas corriam o risco de serem estupradas ou até mesmo mortas.
"Os primeiros pogroms contra os tutsis estouraram em Toussaint, em 1959. A engrenagem do genocídio tinha sido acionada. Era não pagariam mais. Até a solução final, eles nunca parariam."
Mukasonga conta que o povo tutsi vivia conformado sabendo que a morte era certa é só podiam esperar por isso. Mukasonga e seu irmão André foram estudar fora e sobreviveram ao genocídio. Infelizmente 37 pessoas de sua família, que ficaram em Ruanda, foram mortas durante o massacre de 1994.
Sem entender porque ela sobreviveu e sua família morreu, Mukasonga se culpou por ter deixado Ruanda. Depois de 10 anos ela voltou a Ruanda e foi à partir daí que ela decidiu escrever para que sua família e a história não fosse esquecida.
"Em Nyamata, eu tinha conhecido a perseguição violenta e assassina. No entanto, o calor fraternal do gueto dava força para resistir."Usando suas lembranças, Mukasonga conta sobre sua infância, e mesmo com todo sofrimento, ela traz para o livro momentos de alegria como as danças, os encontros das mulheres no quintal, o momento de oração com seu pai Cosma e as histórias que sua mãe Stefania contava para ela e seus irmãos.
Um livro cheio de emoção, onde a autora abre seu coração e nos emociona com o amor que sua família tinha uns pelos outros, e que os vizinhos tinham uns pelos outros, torcendo pela vitória das crianças na escola.
"As velhas me abraçavam. As meninas e as crianças dançavam. Eu dançava com elas. Não estávamos comemorando apenas o meu sucesso, mas o de toda a aldeia!"
Pelas palavras de Mukasonga conseguimos conhecer toda alegria, cultura e fé de um povo que só desejava viver.
Sobre o genocídio, a história vem de longa data, que se inicia com os belgas colonizado Ruanda e separando o povo com a ideia de "raça". Ou seja, o genocídio não foi algo repentino, os conflitos já vinham de muitos anos atrás. Como sempre os países poderosos chegam e trazem o sofrimento para pessoas simples.
Sobre a autora:
Nascida em 1956, Scholastique Mukasonga conviveu desde a infância com a violência e a discriminação oriundas dos conflitos étnicos em seu país. Em 1960, sua família foi forçada a ir viver em Bugeresa, uma das áreas mais pobres e inóspitas de Ruanda. Anos depois, Mukasonga foi força a deixar a escola de serviço social em Butare e ir viver em Burundi. Dois anos antes do genocídio em Ruanda, Mukasonga mudou-se para a França, onde vive até hoje e publicou o livro autobiográfico Inyenzi ou les Cafards, que marcou sua entrada na literatura, em 2006. Foram publicados na sequência Lafemme aux pieds nus, em 2008, e L’Iguifou, em 2010. Seu primeiro romance, Notre-Dame du Nil, será publicado no Brasil com o título Nossa Senhora do Nilo e tradução de Marília Garcia, por ocasião da Flip 2017, marcando a estreia da autora no mercado brasileiro. Ganhador dos prêmios Ahamadou Kourouma e do Renaudot em 2012, dos prêmios Océans France Ô, em 2013, e do French Voices Award, em 2014, o romance se passa em Ruanda, num colégio de Ensino Médio para jovem meninas, situado no cume Congo-Nilo a 2500 metros de altitude, perto das fontes do grande rio egípcio, onde garotas de origem Tutsi são limitadas a 10% do corpo de alunos. Além de Nossa Senhora do Nilo, também com tradução de Marília Garcia, será publicado o romance-memorialista La femme aux pieds nus (A Mulher de Pés Descalços), sobre o relacionamento da autora com sua mãe, que morreu com os pés descalços — contrariando a tradição local — pela ausência da filha.
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