Resenha: Fantasmas: Os Mortos só querem paz - Tiago Toy

10 dezembro 2021



Edição: 1
Editora: Faro Editorial
ISBN: 9786559570256
Ano: 2021
Páginas: 272
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Livro cedido em parceria com a editora
Sinopse: Um lago em meio a montanhas esconde um passado tenebroso... Depois do desaparecimento de uma garota, eventos que parecem sobrenaturais começam a acontecer. Victoria, a filha do homem mais poderoso da cidade, retorna da capital sem aviso. Ela está assustada com os relatos que lhe chegaram, mas quer descobrir o que aconteceu com Uiara, sua única e melhor amiga naquela cidade. Três meses se passaram desde a última vez em que foi vista, e todos os moradores parecem estar num pacto de silêncio para que o caso seja simplesmente esquecido. Sem a colaboração do povoado, Victoria pensa em desistir, mas pressente que há algo ali que não pode ser simplesmente ignorado. Aquele evento trágico - a queda de uma barragem -, trinta anos atrás, que fez desaparecer todo o povoado original parece ter ligação com os estranhos casos que começam a acontecer. E o que há por trás desse desaparecimento que revolve cinzas da história de tanta gente?


Este não é meu primeiro contato com algum livro do autor. Aqui no blog tem resenha de alguns de seus contos, do livro Terra Morta - Infecção e Vozes do Joelma. Conheci seus livros através do Rodrigo de Oliveira, que me indicou por saber o quanto gosto de fantasia envolvendo apocalipse zumbi. Ainda quero ler o segundo volume de Terra Morta, pois gostei demais do primeiro livro. 

"Além dos demônios que nascem da nossa culpa, que só nós enxergamos e que estarão conosco mesmo depois que nossa carne estiver apodrecendo sob a terra, sendo devorada por vermes e tornando-se adubo, estamos sozinhos com todas as consequências de nossas escolhas."

Fantasmas é um livro que prende o leitor: já em sua sinopse ficamos apreensivos e curiosos para saber o que Monte do Calvário esconde. 
A história toda se passa em uma semana depois que Victoria, filha de Tarso que é praticamente dono da cidade, retorna da capital pois precisa de ajuda financeira de seu pai. Ao retornar, a sensibilidade de Victoria - que já era aflorada - começa a lhe dar indícios de que algo muito errado aconteceu na cidade. Sua melhor amiga desapareceu e parece que ninguém se preocupou com isso: mesmo Uiara sendo uma boa garota, os boatos são de que ela fugiu com algum homem. 
Sem acreditar muito nessa história, Victoria começa sua própria investigação. O que ela não poderia prever era que toda a sua investigação a levaria a vários moradores da cidade com seus passados sombrios e ao seu próprio passado também. 

"O tempo é o melhor dos professores, mas ele mata, infelizmente, todos os seus pupilos."

Eu amei essa leitura. Foi diferente de tudo o que eu já havia lido e me trouxe muitas lembranças de cidade pequena do interior. A ambientação ficou perfeita, enquanto eu lia, conseguia me visualizar pelas ruas de Monte do Calvário, conversando com seus habitantes. A narrativa é em terceira pessoa, mas o autor não deixou de usar palavras e frases interioranas, o que deixou o enredo mais crível ao meu ver. 

"Não existe crime perfeito quando há o desejo de saber."

Todo o suspense e mistério em torno do desaparecimento de Uiara e da adoção de Victoria prende o leitor, mas não só isso, também temos Barão que é um personagem machista, misógino, o bambambam de Monte do Calvário - o típico personagem que a gente ama odiar. Barão cresceu sob as asas de Tarso e o considera o pai que nunca teve. Quando Victoria volta para a cidade, todo rancor e raiva de Barão parece ter destino certo. Seu sonho de ter reconhecimento por Tarso está abalado e ele culpa Victoria por tudo. 

"Eu ouço vozes na minha cabeça, mas tenho medo mesmo é das vozes reais, de ouvir o que elas têm a dizer. São elas que importam mais."

Outro ponto que eu amei também, foram as "visões" de Victoria. Ela tem esse lado místico, pressente acontecimentos e tem visões do passado. Cada visão que ela tinha me arrepiava toda, pois a atmosfera mudava, ficava mais sombria, parecia que ela era tragada para outra dimensão. Imagina tudo isso sendo descrito em um livro? Perfeição neh? Eu adorei! 

"A gente não conhece nem a gente mesmo."

Enfim, como um todo, só posso indicar. Eu gostei muito da leitura. Foi prazerosa, cheia de suspense e lenta na medida certa. A edição da Faro também está linda. Essa capa é perfeita, condiz com o enredo e traz a atmosfera sombria das visões de Victoria.



Sobre o autor: 

Tiago Toy nasceu em Jaboticabal em 1985 e se mudou para São Paulo em 2009 em busca de novos horizontes, encontrando no storytelling — uma paixão despertada pelas histórias de sua avó — sua realização profissional. Começou a publicar textos nas redes sociais em 2008 e, depois de atingir a marca de meio milhão de leituras, foi convidado a publicar seu primeiro livro. Em 2015, decidiu estudar a arte da escrita e amadurecer suas técnicas — algo que pôde demonstrar em sua elogiada participação no livro Vozes do Joelma, que teve seus direitos adquiridos para o cinema.
Hoje trabalha no roteiro do filme com importantes nomes da indústria cinematográfica.



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