Resenha: Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

10 dezembro 2020

 

Edição: 2
Editora: Biblioteca Azul
ISBN: 9788525052247
Ano: 2013
Páginas: 216
Tradutor: Cid Knipel
Skoob
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Sinopse: Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, Fahrenheit 451, de Ray Bradubury, revolucionou a literatura com um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra. Agora, o título de Bradbury, que morreu recentemente, em 6 de junho de 2012, ganhou nova edição pela Biblioteca Azul, selo de alta literatura e clássicos da Globo Livros, e atualização para a nova ortografia. A singularidade da obra de Bradbury, se comparada a outras distopias, como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ou 1984, de George Orwell, é perceber uma forma muito mais sutil de totalitarismo, uma que não se liga somente aos regimes que tomaram conta da Europa em meados do século passado. Trata-se da “indústria cultural, a sociedade de consumo e seu corolário ético – a moral do senso comum”, segundo as palavras do jornalista Manuel da Costa Pinto, que assina o prefácio da obra. Graças a esta percepção, Fahrenheit 451 continua uma narrativa atual, alvo de estudos e reflexões constantes. O livro descreve um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se tão instrumental quanto a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam ler manuais e operar aparelhos. Fahrenheit 451 tornou-se um clássico não só na literatura, mas também no cinema. Em 1966, o diretor François Truffaut adaptou o livro e lançou o filme de mesmo nome estrelado por Oskar Werner e Julie Christie.

Fahrenheit 451 é um dos livros que eu queria muito ler. O comprei em uma promoção junto com outras distopias clássicas e o coitado foi ficando na estante até agora. Graças ao Piquenique Literário, posso dizer que o li mais rápido do que pretendia! rsrsrsrsr

"- Como é que começou? Como é que pensou nisso? Como escolheu esse trabalho? Como chegou a cogitar assumir esse emprego? Você não é como os outros.Eu vi alguns, eu sei. Quando eu falo, você olha pra mim. Ontem à noite, quando eu disse uma coisa sobre a lua, você olhou para a lua. Os outros nunca fariam isso.Os outros continuariam andando e me deixariam falando sozinha. Ou me ameaçariam. Ninguém tem mais tempo para ninguém. Você é um dos poucos que me toleram. É por isso que acho tão estranho você ser bombeiro. É que, de algum modo, não combina com você."
A melhor parte de tê-lo lido foi a oportunidade de debatê-lo junto com o grupo, o que abre nossa mente e nos faz enxergar coisas que a gente pode não enxergar durante a leitura.
Confesso que gostei bastante da história mesmo sendo rasa e com pouco desenvolvimento dos personagens. Acredito que esse tenha sido o intuito do autor: Deixá-los rasos, sem aprofundamento nenhum para nos mostrar o que é viver em um mundo onde os livros são proibidos e pensar muito é perigoso. 

Montag é um bombeiro. Um bombeiro que inicia o fogo. Sim, as casas não pegam mais fogo, os bombeiros servem para queimar livros. Sempre que alguém denuncia, um alarme é acionado e os bombeiros vão até o lugar onde sempre encontram livros para queimar. Ao conhecer Clarice, no entanto, Montag vê seus horizontes se abrirem - ele passa a se perguntar o porque de tudo e assim, Montag vai descobrindo coisas que antes nem pensava sobre.
"Agora eu quero ver tudo. E embora nada do que entrar fará parte de mim quando entrar, após algum tempo tudo se juntará lá dentro e se fundirá em mim. Olhe o mundo lá fora, Deus, meu Deus, olhe lá, fora de mim, para meu rosto, e a única maneira de realmente tocá-lo é colocá-lo onde ele finalmente seja eu, onde ele fique no sangue, onde seja bombeado mil, dez mil vezes por dia".
A premissa do livro é maravilhosa e esse foi um dos motivos para eu querer tanto lê-lo. Minha edição é esta da Biblioteca Azul e conta com prefácio de Manuel da Costa Pinto e com posfácio do autor, Ray Bradbury. Foi no posfácio que minha classificação do livro caiu. Durante a leitura, percebi o machismo que o autor passa despreocupadamente durante a leitura, prova disso são as personagens mulheres de sua obra: Clarisse tinha tudo para ser uma personagem incrível junto com Montag, mas logo ela desaparece. A esposa de Montag também é outra personagem que o autor trata como uma alienada. Enquanto estamos lendo, entendemos que o autor que nos chocar mesmo, mas ao ler o posfácio com suas próprias palavras, desfazendo das minorias e sem o menor intuito de se desculpar ou pelo menos, amenizar a situação, fica difícil não ver o enredo com outros olhos.

Como um todo, a história é sim, muito boa e chama nossa atenção para o que acontece hoje em dia: tivemos episódios de queima de livros nesse ano mesmo, lembram que queimaram livros do Paulo Coelho? Então... 
O conhecimento é poder. Quanto mais se tem esse conhecimento, mais medo os poderosos tem das minorias, este é um dos motivos para tirar os livros das pessoas com menos condições de consumo. O livro de Bradbury não deixa de ser atual mesmo tendo sido escrito a tanto tempo, seu conservadorismo também é um alerta e sou adepta da ideia de serem colocados nos livros mais antigos, notas que alertem sobre. 
''O sol ardia todo dia. Queimava o Tempo. O mundo se precipitava num círculo e girava sobre seu eixo e, de qualquer modo, o tempo já estava ocupado queimando os anos e as pessoas sem nenhuma ajuda dele. Assim, se ele queimava coisas com os bombeiros, e se o sol queimava o Tempo, isso significava que tudo queimava.''
A edição da Biblioteca Azul é muito bonita, possui boa diagramação, com letras com bom espaçamento. Li em poucas horas, mesmo com a narrativa arrastada, o autor consegue nos deixar curiosos para saber o que vai acontecer a seguir. 
Infelizmente, poderia ser melhor. Mesmo que tenha sido escrito em outra época, não podemos deixar de comentar sobre o que hoje em dia, já não é aceitável.

A HBO fez um filme baseado na obra que é uma daquelas raras exceções onde o filme é melhor que o livro. Nele, o personagem principal é negro e Clarice tem um papel importante na trama. Quem quiser assistir, vale a pena!
 


Sobre o autor: 

 
Ray Douglas Bradbury (Waukegan, 22 de agosto de 1920) é um escritor de contos de ficção-científica norte-americano de ascendência sueca. Foi o terceiro filho de Leonard e Esther Bradbury, por causa do trabalho de seu pai (Técnico em instalação de linhas telefônicas), viajou por muitas cidades dos EUA, até que em 1934 sua família fixou residência em Los Angeles, Califórnia. Alguns pseudônimos usados por Ray Bradbury: Doug Rogers, Ron Reynolds, Guy Amory, Omega, Anthony Corvais, E. Cunningham, Brian Eldred, Cecil Cunningham, D. Lerium Tremaine, Edward Banks, D.R.Banet, Willian Elliot, Brett Sterling, Leonard Spaulding, Leonard Douglas, Douglas Spaulding.




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