Resenha: A Senhora da Magia (As Brumas de Avalon #1) - Marion Zimmer Bradley

14 fevereiro 2022



Edição: 1
Editora: Imago
ISBN: 9788531210372
Ano: 2008
Páginas: 252
Tradutor: Waltensir Dutra
Sinopse: Em 'As brumas de Avalon', Marion Zimmer Bradley reconta a lenda do rei Artur, descrevendo os seus esforços para unificar a Bretanha contra a invasão Saxônica, a partir da perspectiva das poderosas mulheres do reino de Avalon e Camelot. Mesmo aqueles que normalmente não gostam das lendas de Artur irão se encantar com as mulheres por trás do trono. Morgana e Guinevere lutam pelo poder, usando Artur para promover suas respectivas visões de mundo. As intrigas e a política do reino de Camelot descritas em 'Brumas de Avalon' se passam quando o Cristianismo começa a dominar a ilha-nação da Bretanha estabelenco o conflito com os cultos pagãos. 


Já tem um bom tempo que eu desejava ler esta série. Depois que comecei a estudar Bruxaria Natural, fiquei ainda mais curiosa para lê-lo pois, como a sinopse diz, vamos conhecer a força das mulheres em suas formas humana e da Deusa. 
Então, embarquei nesse universo, aberta para toda e qualquer coisa que eu encontrasse, pois amo uma boa fantasia e em se tratando de fantasia que trabalha com História - mesmo que esta não seja verdadeira, quem é que nunca ouviu falar em Morgana, Guinevere, Arthur e os cavaleiros da távola redonda? 

"A Senhora da Magia" começa antes do nascimento de Arthur. Vamos conhecer sua mãe, Igraine, filha de Avalon que foi dada em casamento quando tinha 14 anos. Igraine já tinha se conformado com seu destino quando Viviane, sua irmã e Senhora de Avalon, lhe diz que ela está destinada a ser rainha e a gerar o futuro rei. 
Viviane e Merlin, juntos, traçam o destino desses personagens que vão sofrer, amar, perder e ganhar. 

"Não posso remediar erros, se é que foram erros, cometidos por homens mortos antes que eu nascesse. Já tenho muito o que fazer para reparar os meus próprios erros, e não viverei o suficiente para vê-los todos reparados. Mas farei o que estiver ao meu alcance, enquanto eu viver."

Aos poucos, vamos desvendendando o desenrolar da trama e a cada virada de páginas, ficamos apreensivos e ávidos por conhecer mais, saber mais. 
As mulheres de Avalon são fortes e abriram mão de muita coisa para servir a Deusa. Com a chegada dos cristãos, elas passam a ser mal vistas e a antiga religião corre perigo. 

Lendo algumas resenhas no Skoob, me deparei com a frase: livro extremamente feminino. Ora, pois esse é o melhor da história. Nas demais histórias arthurianas, as mulheres são poucos mencionadas e por vezes, mal compreendidas e até mal descritas. Nesse livro, o foco da autora são as mulheres. É contar do que elas abrem mão para um homem reinar. É conhecer nosso íntimo. 
Sem contar que a autora trás questões sobre a crença cristã, de como os padres e sarcedotes foram cruéis com as mulheres que ousavan acreditar em uma Deusa. 
A história tem muito a nos ensinar. Devemos aprender com o passado para não repetir no futuro; então sim, caro leitor da resenha no skoob: esse livro é extremamente feminino e muito realista, mesmo que estamos anos a frente daquela época. 

"– Eu sabia que se tratava de um daqueles momentos em que a história da humanidade é modificada – continuou Merlim. – Os cristãos procuraram acabar com toda a sabedoria que não fosse a sua e, na luta para conseguir isso, estão banindo do mundo todas as formas de mistério, exceto as que se harmonizam com a sua fé religiosa."

Como um todo, eu gostei da leitura. Essa edição é antiga, de 2008, encontrei muitos erros de revisão e diversas frases sem contexto. Outro ponto que merece ser mencionado, é que o livro não segue uma narrativa padrão. Temos narrativas em primeira e terceira pessoa. Por diversas vezes isso me confundiu bastante pois não tem uma divisão informando. 

Outra coisa que quero muito mencionar é sobre a autora. Marion foi acusada de pedofilia por sua filha em 2014. Depois que eu soube disso, confesso que acabei me decepcionando muito com a obra. Não sei se vou continuar a ler os demais livros, me senti mal por gostar de algo que ela escreveu. Ainda preciso pensar muito se continuo a leitura ou não, mas confesso que foi um divisor de águas ter essa informação. 

"Ter consciência da ignorância é o início da sabedoria." 

Enfim, como uma forma de protesto, vou deixar abaixo não a pequena biografia que sempre deixo sobre os autores, mas uma pequena parte sobre a acusação que encontrei na Wikipedia. 

Eu não vou indicar a leitura pra vcs até porque ela não precisa de indicações. É um livro que encantou gerações e ainda encanta. Vou deixar a critério de vcs escolherem ler ou não, pois se eu tivesse sabido sobre a acusação da autora antes, não teria começado a ler este livro, por mais incrível que ele fosse. 

"Esse é o grande segredo, conhecido dos homens cultos de nossa época: pelo pensamento criamos o mundo que nos cerca, novo a cada dia."



Sobre a autora: 


Em 2014, Bradley foi acusada de abuso sexual cometido contra sua filha, Moira Greyland, que afirmou ter sido molestada entre 3 e 12 anos.
Em reportagem ao jornal inglês The Guardian, Greyland disse que não havia revelado isto antes porque temia a reação dos fãs de sua mãe. Greyland também afirmou que ela não foi a única vítima, e que ela foi uma das que acusaram seu pai, Walter H. Breen, de pedofilia, o que o levou a múltiplas condenações. Bradley admitiu ciência do comportamento do seu marido, mas decidiu não reportá-lo.

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